Contos da Vida e da Morte
A morte está sempre a projetar uma nova vida, mesmo quando a existência de alguém foi terminada e reduzida a ossos. Ao invés de ver os arquétipos da morte e da vida como opostos, eles devem ser olhados em conjunto, como o lado esquerdo e o lado direito de um único pensamento (…) Os ciclos da vida e da morte fazem parte da nossa própria natureza, fazem parte de uma entidade interior (…) que nos ensina profundamente, se conseguirmos aprender os seus ritmos (…) Sem a morte não há escuridão onde o diamante possa brilhar. (Mulheres que correm com os lobos, Clarissa Pinkola Estés, Ed. Marcador)

As antigas civilizações rurais cultivaram, ao longo dos séculos, um imaginário que continua a seduzir-nos. O charme dos contos sobre vida e morte assenta no facto de terem tanto a dizer-nos sobre o nosso inconsciente e os medos que nos habitam. Projetam a sua luz de entendimento sobre o maior mistério de todos – a Morte. Contos da Vida e da Morte é um espetáculo de narração que apresenta histórias da tradição oral, oriundas de várias latitudes e culturas. Falam dos ciclos da vida e da morte. E são, ao mesmo tempo, diamante e escuridão; finitude e esperança.
Público adulto
Duração | 90 min
Sessão com Shruti Box

Contos da galinhola
O velho barão “des Ravots” fora, durante quarenta anos, o rei dos caçadores da sua província. Mas, há cinco ou seis anos, uma terrível doença paralisara-lhe as pernas. O barão passava os seus dias sentado numa poltrona, à frente de uma das janelas da sala, a atirar aos pombos, para não perder o jeito. À noite, o barão adorava ouvir contos pícaros e deliciava-se com os bizarros relatos de acontecimentos reais que todos os dias lhe chegavam, fresquinhos, pela voz dos visitantes. No outono, durante a época da caça, convidava os seus amigos caçadores e, depois do jantar, exigia que cada um lhe relatasse os acontecimentos do dia. Contudo, existia, na casa do barão, um velho hábito que dava pelo nome de “contos da galinhola”. No momento em que as galinholas, cozinhadas com todo o esmero, chegavam à mesa, dava-se início a uma peculiar e bizarra cerimónia…
"Contes de la bécasse"
Editora | Gallimard
Tradução e adaptação dos contos | Estefânia Surreira

Público adulto
Duração | 60 min
Guy de Maupassant
Lavadeiras de Barroso
O espetáculo “Lavadeiras de Barroso” é o resultado de um trabalho de recolha e transcrição de histórias de vida de mulheres que, no século passado, passavam grande parte do seu tempo lavando imensas pilhas de roupa nos lavadouros comunitários ou nas águas geladas do rio.

Os vários testemunhos recolhidos falam de um vasto e riquíssimo território — o Barroso — vibrante de gente, onde, apesar da pobreza que se vivia, das agruras do trabalho e do clima, a alegria e a esperança se mantinham intocadas. As mulheres que lavavam no rio ou nos tanques comunitários foram (e continuam sendo) guardiãs de um passado rude e doloroso, mas ao mesmo tempo repleto de vida e rico em sonho e esperança. As mulheres são o refúgio humano de um Portugal onde o aguerrido instinto de sobrevivência era muitas vezes o que restava a uma população vergada pelo peso do trabalho e da fome.

Os contos e cantos entoados pelas mulheres que lavavam no rio ou nos tanques comunitários servirão de mote a um espetáculo que lhes presta uma sensível homenagem, que as reverencia e as reconhece como depositárias dos tesouros mais bem guardados da nossa riquíssima tradição oral.
Público adulto
Duração | 60 min
Contos da tradição oral